quinta-feira, 2 de maio de 2013

Não sei porque pessoas do além, de uma hora para outra aparecem assim na tua vida, bem no dia mais importuno do mês, causando um furacão. Uma frase, uma facada. Tudo cai. Ah, como é bom poder escrever, liberar esse fel, esse gosto amargo do teu corpo que um dia ficou na minha boca.

Daniel Na Cova Dos Leões
Legião Urbana

Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco.


Faço nosso o meu segredo mais sincero
E desafio o instinto dissonante.
A insegurança não me ataca quando erro
E o teu momento passa a ser o meu instante.
E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão.
Teu corpo é meu espelho e em ti navego
E eu sei que a tua correnteza não tem direção.


Mas, tão certo quanto o erro de ser barco
A motor e insistir em usar os remos,
É o mal que a água faz quando se afoga
E o salva-vidas não está lá porque não vemos.

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